O caramujo-africano é uma praga bem conhecida na Ilha Grande. Responsável pela disseminação de doenças e causadora de danos econômicos e ambientais, essa espécie exótica vem sendo combatida ferozmente pelos moradores e poder público. Entretanto, abaixo das águas da baía, outra praga nos assola e poucos moradores e freqüentadores da ilha sequer ouviram falar nesse vilão: o coral-sol.
Assim como o caramujo, esse coral foi introduzido artificialmente pelo homem no Brasil. Tudo indica que o coral-sol, natural do Oceano Pacífico, tenha pego carona nas plataformas de petróleo que operam no mundo todo, até chegar em Angra dos Reis, por volta da década de 1980. Aqui, ele encontrou um ambiente ótimo para se desenvolver e se adaptou muito bem ao novo lar. Só que esse novo morador dos nossos costões não é muito bem quisto pelos seus vizinhos.
Diferentemente das espécies nativas brasileiras e fluminenses, o coral-sol não tem nenhum predador natural, o que reduz a sua mortalidade natural. Isso, por si só, já lhe confere uma vantagem sobre os outros organismos que querem ocupar o espaço sobre a pedra. Além disso, ele cresce rapidamente, se reproduz muito cedo e tem poderosas armas químicas para espantar e até matar outras espécies. Assim, o coral-sol foi ocupando uma área cada vez maior e hoje é encontrado em vários pontos da costa brasileira. Na baía da Ilha Grande, o problema parece ser mais grave ainda e o coral invasor chega a dominar vários costões da região.
Mas afinal, qual é o problema? Primeiro, o coral-sol reduz a biodiversidade da costa verde e isso pode ter conseqüências gravíssimas para o ambiente marinho como um todo. Um ambiente menos diverso se torna mais frágil e mais suscetível a outros impactos como poluição, mudanças climáticas, sobrepesca, e eutrofização. A grande densidade de coral-sol também pode reduzir a produção pesqueira porque ele come larvas de peixes. Ele também pode interferir nas criações de ostras e mexilhões tão importantes para a nossa região. E qual é a graça de mergulhar para ver um bicho só? Será que nossos turistas continuarão interessados no nosso litoral se ele for tomado por esse predador?
Para evitar esses danos ao nosso ambiente, à nossa economia e ao nosso bem-estar, precisamos agir rapidamente. Quanto mais tempo demorarmos a controlar a expansão do coral-sol, pior será o estrago e mais cara a recuperação. É nesse contexto que surgiu o Projeto Coral-Sol que visa não apenas controlar a população do coral invasor, mas também gerar renda para a população da baía da Ilha Grande. O Projeto é uma iniciativa do Instituto Biodiversidade Marinha, conta com o patrocínio Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental e depende da ação conjunta de vários parceiros regionais incluindo o CODIG, a associação Curupira, o PEIG, a ESEC Tamoios e a UERJ.
Nossas ações incluem pesquisa, divulgação, educação ambiental, controle de praga (o coral-sol) e a criação de um novo mercado para produtos a base desse coral. Tudo isso, é claro, dentro da lei e obedecendo toda a regulamentação aplicável. Afinal, mesmo sendo exótico, não se pode retirar ou matar qualquer tipo de organismo marinho sem autorização oficial dos órgãos competentes.
Agradecemos o espaço cedido pelo CODIG nesse blog e esperamos voltar muitas vezes para divulgar nossas ações. Enquanto isso, se o leitor quiser saber mais sobre a gente e o coral-sol, ele pode acessar a página do Instituto (www.biodiversidademarinha.org.br) ou enviar um email para coralsol@biodiversidademarinha.org.br.
Forte abraço a todos,
Amanda Carvalho de Andrade
Gerente Executiva do Projeto Coral-Sol